O principal suspeito é o ex-sogro da mulher, proprietário da área onde o corpo da vítima foi encontrado

 
 Leila
 
O relacionamento conturbado com o ex-marido pode ser a causa da morte precoce de Leila de Araújo, 28, morta a pauladas na tarde desta quinta-feira (8) em Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte. O principal suspeito é o ex-sogro da mulher, proprietário da área onde o corpo da vítima foi encontrado. Familiares e amigos do ex-casal dividem opiniões sobre as motivações do crime.

A reportagem esteve no local do crime, mas até o momento nenhuma informação oficial foi divulgada. Entretanto, a funcionária pública Lúcia Pereira de Jesus, 60, mulher do suspeito do assassinato, Edson Mereu, 58, conhecido como "Gázinho", informou que Leila constantemente ia até a casa da família, no bairro São Geraldo, "procurar confusão" com o ex-marido e seus familiares. Segundo ela, os netos, de 9 e 10 anos, frutos do relacionamento do ex-casal, eram deixados com frequência na porta da residência dos avós para que Leila saísse com os amigos.

Até o fim desta quinta-feira, tanto o ex-sogro como o ex-marido de Leila ainda não haviam retornado para a casa. "Não sei em que lugar eles possam estar", afirmou Lúcia.

Segundo o delegado da Polícia Civil, Guilherme Guimarães, o corpo de Leila foi encontrado ao lado de um cabo de enxada no lote do ex-sogro por volta das 14h desta quinta-feira. A mulher tinha o braço esquerdo quebrado e diversos ferimentos na cabeça, onde as pauladas foram deferidas. A Polícia Militar informou que os oficiais foram até o local após o suspeito ser visto caminhando com manchas de sangue na roupa.

Ainda segundo o delegado, diversos boletins de ocorrência foram registrados pelo casal nos últimos meses. Separados desde outubro do ano passado, Leila e o marido acumulavam denúncias um contra o outro na justiça. Uma medida preventiva chegou a ser expedida para a mulher, que havia dado queixa do ex-marido por agressão, enquanto o homem a acusava, justamente, de não "deixá-lo em paz".

Ainda segundo Guimarães, na tarde dessa terça-feira (7) o ex-marido de Leila chegou a ir a delegacia para registrar mais um boletim de ocorrência contra a ex- mulher. Na ocasião, ele reclamava de perseguição de Leila no seu trabalho, em uma mina próxima a Caeté.

Um amigo da vítima, que preferiu não ser identificado, disse que o ex-marido não havia aceitado bem o fim do casamento e demonstrava ciúmes por um novo relacionamento da ex-mulher. Ele disse também que Leila havia ido cobrar o pagamento da pensão alimentícia dos filhos quando foi assassinada.

Até o término desta reportagem, a Policia Militar não havia concluído o boletim de ocorrência. A Polícia Civil informou que um inquérito deve ser instaurado nas próximas horas e que vai apurar o ocorrido.

Segundo Lúcia, ex-sogra de Leila, na tarde desta quinta-feira a mulher entrou no lote da família e quebrou os vidros das janelas da residência, o que, na opinião dela, teria motivado a atitude do marido. A Polícia Civil informou que nenhum dano foi constatado na casa. "Meu marido jamais faria isso atoa. Ele é um homem bom. Não merece que isso esteja acontecendo. Eu estou sem chão, arrasada, não acredito que tudo isso esteja acontecendo com a minha família", lamentou emocionada.

Funcionária de uma funerária de Caeté, Leila trabalhava preparando lanches e cafés em velórios de moradores da cidade. Segundo Leonardo Brito, colega de trabalho da mulher, o clima é de tristeza no local. "É complicado. A gente trabalha com a morte, mas quando você vê uma pessoa assim, cheia de vida, morrer desse jeito, não dá para aceitar facilmente", afirmou.

O coveiro da cidade, Herivelto Martins da Silva, 37, é amigo de infância de Leila e trabalhava com ela na funerária. Segundo ele, a mulher nunca comentou ter algum problema familiar. "Uma pessoa excelente. Muito tranquila, muito humilde. Mesmo com problemas, ela sorria sempre", afirmou.

Para o coveiro, ter que enterrar a amiga será uma das coisas mais difíceis que já fez na vida. "Eu estou torcendo pra não ser eu. Vou fazer de tudo para não ser. Eu não suportaria isso", afirmou emocionado.

 Fonte: http://www.otempo.com.br/cidades/sogro-%C3%A9-principal-suspeito-de-matar-ex-nora-em-caet%C3%A9-1.1483870