O governo da Coreia do Sul manifestou hoje (18) apoio ao relatório das Nações Unidas (ONU), divulgado ontem (17), em que foram constatadas violações de direitos humanos na Coreia do Norte, e informou que espera que o documento eleve a consciência internacional sobre a situação do país. Em um um breve comunicado do Ministério das Relações Exteriores, o governo da Coreia do Sul salientou os esforços realizados pela Comissão de Investigação da ONU para a Coreia do Norte e comprometeu-se a reforçar a sua cooperação com a comunidade internacional para melhorar a situação dos direitos humanos no país vizinho.

A Comissão de Investigação publicou um relatório de mais de 400 páginas que documenta, de forma inédita, violações e crimes contra a humanidade cometidos no país. Entre os crimes contra a humanidade, o documento acusa as autoridades norte-coreanas de extermínio, homicídio, escravidão, tortura, detenções prolongadas, violência sexual, abortos forçados, privação de alimentação, mudanças forçadas de local de residência e perseguição por motivos políticos, religiosos, raciais e de gênero.

O presidente da Comissão de Investigação, Michael Kirby, apelou à comunidade internacional para apresentar o caso no Tribunal Penal Internacional - opção pouco provável devido à oposição da China e a sua possibilidade de veto no Conselho de Segurança da ONU. Michael Kirby remeteu também o relatório ao líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, alertando-o de que, como líder do país, tem de assumir a responsabilidade pelos crimes, mesmo que não tenha participado diretamente neles.

Até ao momento, a Coreia do Norte não se pronunciou sobre o relatório, apesar de, em ocasiões anteriores, o regime ter negado acusações idênticas atribuindo-as a “propaganda capitalista”. Segundo o relatório, entre 80 mil e 120 mil prisioneiros políticos permanecem detidos em quatro grandes campos de trabalho onde são privados deliberadamente de alimentos como forma de controle e castigo, sendo submetidos a trabalhos forçados.