A mesa de diálogo entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo para o processo de paz será retomada hoje (3) em Havana, Cuba. Na 20ª rodada de conversações, os negociadores buscam soluções para o problema das drogas, tema em debate desde novembro do ano passado.  A delegação do governo partiu ontem (2) da capital do país, Bogotá, com destino a Havana.

Em janeiro, as Farc propuseram que o governo colombiano delimite áreas para o plantio lícito de coca, maconha e amapola. De acordo com a proposta, as regiões destinadas aos cultivos teriam controle do Estado, com plantações destinadas ao uso “nutricional, medicinal, terapêutico, artesanal, industrial e cultural”.

A ideia de liberar cultivos para fins terapêuticos é bem recebida por associações camponesas, e o governo já sinalizou que essa “poderia ser parte de uma solução”. O governo não se pronunciou abertamente sobre o assunto, mas admite que o país precisa "encontrar um caminho interno e alternativo para solucionar o problema". A Colômbia ainda está entre os três maiores produtores mundiais de cocaína e maconha, apesar dos investimentos e do combate ao narcotráfico.

Na semana passada, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, esteve em Havana para participar da 2ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A imprensa colombiana fez especulações sobre um possível encontro do presidente com membros da delegação das Farc que estão na capital cubana. No entanto, ele negou ter tido contato com a guerrilha, porque o encontro “não estava no programa”.

Assim mesmo, Santos enfocou sua participação na cúpula no tema da negociação. Ele agradeceu a Cuba pelo apoio ao processo e disse que o governo continuará “trabalhando duro para que a negociação seja concluída com sucesso”.

Durante a viagem à Ilha, o presidente Santos também conversou sobre as negociações com os presidentes de Cuba, Raúl Castro, e da Venezuela, Nicolás Maduro. Os dois países atuam como mediadores do processo de paz.

Após o encerramento da cúpula, as Farc enviaram comunicado reafirmando que também desejam com o propósito de fazer com que a América Latina seja “zona de paz”, referindo-se àdeclaração firmada pelos chefes de Estado e de governo ao fim da reunião.

Em um ano e dois meses de diálogo já houve acordo sobre o desenvolvimento agrário e a participação política dos ex-guerrilheiros depois de firmado o acordo de paz.

Além do tema das drogas, a agenda de negociação tem três temas: reparação das vítimas do conflito armado; desmobilização e reintegração de guerrilheiros e garantias para o cumprimento dos acordos firmados no período pós-conflito.