A Rússia considerou um erro o recuo da Organização das Nações Unidas (ONU) na decisão de convidar o Irã para a Conferência de Paz sobre a Síria, denominada Genebra 2, declarou hoje (21) o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov. "É um erro", disse.

"Sublinhamos sempre que todos os atores externos com influência na situação devem estar representados", acrescentou, quando questionado sobre a decisão do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de retirar o convite que tinha feito ao Irã, para participar a conferência, que começa na quarta-feira (22).

Lavrov criticou as explicações apresentadas por Ban Ki-moon para este recuo. "Quando o secretário-geral da ONU disse que era obrigado a anular o convite feito ao Irã por este não apoiar os princípios inscritos no comunicado de Genebra 1 [de junho de 2012], esta é, na minha opinião, uma frase bastante retorcida", declarou Lavrov.

"Aqueles que exigiram a anulação do convite feito ao Irã são os mesmos que afirmam que a aplicação do comunicado de Genebra deve resultar em mudança de regime na Síria,” destacou.

Os Estados Unidos, Reino Unido e França, que apoiam a saída do presidente sírio, Bashar Al Assad, exigiram que o Irã apoiasse uma transição democrática na Síria para estar presente na conferência. "É uma interpretação desonesta do que foi acordado em Genebra 1, em junho de 2012", disse. "Lamento que toda esta história não tenha reforçado a autoridade da ONU", acrescentou.

A Rússia, fiel aliada do regime de Bashar Al Assad, está na origem, com os Estados Unidos, da proposta de realizar a Conferência de Paz Genebra 2, para tentar encontrar uma solução política para a guerra civil na Síria, que já causou mais de 130 mil mortos e milhões de refugiados e deslocados desde março de 2011.