Nem o lendário Batman, personagem das histórias em quadrinhos incorporado pelo protético Eron Moraes de Mello, escapou da violência durante manifestação de professores estaduais e municipais, no início da tarde de hoje (28), em frente à prefeitura do Rio. Os educadores, em greve desde o dia 12, aguardavam em frente ao prédio o término de uma reunião com representantes do Executivo quando decidiram interromper a Avenida Presidente Vargas, que liga o centro à zona norte. Eles pretendiam seguir em passeata até a sede da Secretaria Estadual de Educação, no bairro Santo Cristo, na mesma região.

 

Em questão de minutos, policiais militares chegaram em diversas viaturas e fizeram uma primeira tentativa de desobstruir a avenida, empurrando os professores, formando uma linha e usando apenas os escudos.

 

Como os manifestantes se recusaram a sair da avenida, os policiais usaram spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo, provocando correria e protesto dos educadores. Neste momento, Mello acabou atingido na cabeça, que ficou ensanguentada, assim como sua fantasia de Batman. “Quando eu senti a pancada, comecei a sangrar na cabeça. Eu estava totalmente pacífico. Sou contra a violência. Ela veio por parte da polícia, que agiu truculentamente, sem necessidade, batendo nos professores. Me empurraram com o escudo e bateram com o cassetete”, contou.

Os professores prosseguiram pela Avenida Presidente Vargas, escoltados pelos policiais. A presidenta do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), Leila Mariano, havia declarado ilegal a greve dos professores estaduais, em decisão tomada ontem (27), estipulando multa diária de R$ 300 mil para  o Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação no Rio (Sepe), caso a greve não seja encerrada.

A diretoria do sindicato informou que não seria possível terminar a greve antes de consultar a categoria. A Secretaria Estadual de Educação disse que cortaria o ponto dos professores faltosos.

Já a Secretaria Municipal de Educação informou, por meio da assessoria, que um grupo de professores esteve reunido com a secretária Helena Bomeny e o subsecretário de Gestão, Paulo Figueiredo, enquanto PMs e professores se enfrentavam em frente ao prédio. Até o fechamento dessa reportagem, o resultado da reunião ainda não havia sido divulgado.  

Segundo a PM, os policiais apenas reagiram à tentativa dos manifestantes de obstruir o trânsito. “Os policiais foram autorizados pelos oficiais a impedir o bloqueio do trânsito, para isto, foram usados artefatos de efeito moral”, informou a corporação. Uma professora foi levada à 17ª Delegacia de Polícia, em São Cristóvão, acusada de agredir um policial.