Registros da cultura de Belo Horizonte e de Minas Gerais são temas de três exposições fotográficas em cartaz na cidade. São imagens que têm em comum aspectos do cotidiano revisitados em olhares singulares, que buscam destacar a ligação entre a vida do dia a dia e a arte. Na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, o coletivo Família de Rua e o fotógrafo Pablo Bernardo mostram 58 fotografias na exposição Duelo de Mcs – Uma década ocupando as ruas. No mesmo espaço, o fotógrafo Tiago Aguiar exibe Rusá, uma investigação sobre o universo de congadeiros da cidade do Serro. A terceira mostra, na Periscópio Arte Contemporânea, traz um conjunto de preciosos registros de Wilson Baptista (1913-2014) da cidade de Belo Horizonte.


Duelo de Mcs – Uma década ocupando as ruas é uma homenagem aos 10 anos do movimento que ocupou o ,201252/conheca-espacos-culturais-de-bh-onde-e-possivel-chegar-de-metro.shtml","displayLink":"www.uai.com.br","kind":"retention","title":"Espaços culturais de BH onde é possível chegar de metrô","description":"Apesar dos quase 2,5 milhões de moradores, não é difícil encontrar gente que nunca andou de metrô em BH, embora as catracas das 19 estações da única linha da região metropolitana tenham girado 59 milhões de vezes no ano passado.","thumbnailUrl":"https://i.embed.ly/1/image?url=http%3A%2F%2Fimgsapp2.uai.com.br%2Fapp%2Fnoticia_133890394703%2F2017%2F02%2F03%2F201252%2F20170203084157945307u.jpeg&key=83ceee2ba11b452398a72b6897865120","call":"Veja também:","language":"pt-BR","sponsoredText":"Patrocinado","hoverText":"Link gerado por WorldSense"}" href="http://www.uai.com.br/app/noticia/e-mais/2017/02/03/noticia-e-mais,201252/conheca-espacos-culturais-de-bh-onde-e-possivel-chegar-de-metro.shtml" style="box-sizing: border-box; background: transparent; color: rgb(0, 153, 247); text-decoration-line: none;">Viaduto Santa Tereza, promovendo encontros semanais (com frequentes interrupções) para celebrar a cultura hip-hop e que se tornou um dos movimentos de ocupação urbana mais inovadores de Belo Horizonte nos anos 2000. Os punhos cerrados em direção ao céu, a pele preta, os cabelos black power, o movimento dos corpos não deixam dúvida sobre a importância afirmativa do projeto. O Duelo de Mcs foi capaz de trazer, para o Centro da capital, pessoas, vozes e estilos, enfim, toda uma cultura que estava marginalizada nas periferias.  Veja também: Espaços culturais de BH onde é possível chegar de metrô 

Pedro Valetim, um dos idealizadores, afirma que ''é uma década de história que mostra que o Duelo luta para que o espaço do Viaduto Santa Tereza seja democrático, verdadeiramente público, não cedendo a nenhuma investida que propõe o contrário''. Com caráter documental, a exposição Duelo de MCs combina fotos artísticas com registros históricos. Mostra o nascimento do projeto no calçadão em frente ao extinto Projeto Miguilim, na Praça da Estação, e o momento em que a proposta de ocupação encontrou o viaduto, fazendo com que toda a cidade descobrisse a potência daquele lugar.

As fotos mostram quando o Duelo recebeu o projeto de dança Circle Princs (2009/2010), a primeira vez que a iniciativa sai do viaduto e ocupou o Palácio das Artes (2011), o início das rodas de conversa Real da Rua (2012) e o primeiro duelo nacional (2012). Narram a luta para a permanência do projeto em 2014 quando, diante da reforma do viaduto, seus integrantes tiveram que se deslocar para a Praça Sete, e a mobilização em frente à sede da Prefeitura de Belo Horizonte, quando a burocracia e as taxas cobradas colocavam em risco a continuidade do evento. Ainda há registro de um importante momento dessa trajetória, quando, em 2016, ocorreu o encontro entre o Duelo de MCs e o Duelo de Vogue, celebrando a ruptura de barreiras entre o universo hip-hop e a cultura queer.

A curadoria da exposição enfatizou os elementos estéticos, ciente de que, nesse caso, estética também significa um gesto político. E narra, por meio de 58 fotografias, a história da luta para que o espaço público pudesse ser ocupado pela juventude do hip-hop. Os registros carregam pluralidade de olhares, já que têm muitos nomes envolvidos: Pablo Bernardo, Carlos Hauck, Paula Huven, Hugo Honorato, Fabrício de Souza, Alysson Bruno e dos arquivos do Família de Rua e Fora do Eixo.

CONGADO 
A exposição dialoga, no mesmo espaço, com Rusá, do fotógrafo Tiago Aguiar, que propõe um mergulho na tradição do congado, manifestação brasileira, mas que encontra em Minas sua maior expressividade. São duas manifestações de culturas periféricas, muitas vezes marginalizadas e que carregam a força da cultura afro-brasileira. Rusá reúne 20 retratos de dançantes da Festa do Rosário dos Homens Pretos do Serro. Natural do município, Tiago acompanha as festas desde a infância. Mas foi em 2010 que resolveu pesquisar as dimensões de uma das mais importantes tradições do congado no estado. Tiago percebeu que, apesar de os dançantes serem a alma da festa, muitas vezes ficavam no anonimato.

As imagens se diluíam no coletivo. De maneira cuidadosa, Tiago convidou cada um deles para serem retratados com as fardas e acessórios. ''Busquei esse contato mais íntimo, ter outro nível de entendimento. Conversava com eles, descobria um pouco sobre como se interessaram pela festa e fotografava'', conta. Também foram feitas fotografias dos dançantes desparamentados para a confecção de selos, que integram a exposição.

ARQUITETURA 

A exposição Wilson Baptista, em cartaz na Periscópio Arte Contemporânea, é parte do Projeto Wilson Baptista, que pretende organizar e dar visibilidade à produção do fotógrafo que dedicou décadas registrando a cidade de Belo Horizonte e arredores. O conjunto de cerca de 7 mil negativos produzidos entre as décadas de 1930 e 1990 são registros das mais diversas propostas, do cotidiano banal e lírico a composições ousadas e abstratas da arquitetura da capital. Como primeira etapa do projeto, a exposição pretende ainda lançar um livro com o material.