Sandra Alves

Meu_corao_est_em_festa_Blog

 

"Eu o encontrei a dois passos do meu castelo de ilusões. Seus olhos faiscavam como brilhantes do mais puro calor e hipnotizaram os meus.

Desci as escadas do meu desejo e cheguei bem perto do seu sabor. Dos olhos, choviam convites. A boca exalava cor. Olhei para cima... O céu parecia se envergonhar do que veria. Minha mão, guiada pelo instinto, afagou - lhe os cabelos. Senti, então, dois arrepios: Um, de medo. Medo do que poderia acontecer. O outro, de vontade. Vontade de me perder nas loucuras do prometido prazer.

Como imã, o corpo dele atraiu o meu e dançamos juntos a melodia do entardecer. Suas notas eram suspiros, embaladas por sussurros, por rumores de mágica. O toque era de teor apaixonado e a lua, que se aproximava, se curvou. O escuro se tornou claro. Clara era aquela vontade de amar.

Aí, sorri. Suspiros, mesmo debaixo da incerteza de sua presença, saíam de meu ser. Ele me abraçou... E me beijou... Sôfrego, suave, místico... Tentei desistir. Mas os beijos doces rendiam louvores aos deuses dos sonhos, o sabor dos seus braços era mel e me deixavam incapaz de reagir. Deixei-me ficar e fechei os olhos... E assim, queria continuar... Só que...

Abri os olhos e corri ao portão do jardim: ele já tinha ido. Dobrava a esquina de minha vida, deixando a sensação de quero mais. Relanceei meus olhos para o fim do sonho, depois me virei em direção ao sereno. Não sei... Não mais o vi... Que felicidade era aquela que me escapava a toda hora? Foi aí que descobri, assustada, a falta de uma canção: Ele tinha levado o meu coração.

Entrei desolada na minha consciência. Meu amor tamborilava a sede de querer e eu estava sequiosa de desconhecer, desconstruir, desobstruir. Descrente de mim, no limiar da razão, compreendi, como num passe de mágica, que realmente não havia solução.

Era, então, uma solidão que buscava instalar-se no coração de alguém.  Alguém que tivesse amado com distração e inesperadamente tivesse sido tomada pela descoberta mútua de doçura e piedade. Alguém que tivesse esperado por um outro alguém tão inexplicável e ao mesmo tempo tão transparente. Alguém que precisasse de um sonho, de uma presença distante, mas ao mesmo tempo, tão real. Alguém como eu, que tivesse encontrado alguém como ele e tivesse deixado ir embora.

Dormi, abraçada ao último cheiro.”

 

Este texto fala de Amor... Metaforicamente. Mas, na verdade, tudo que se fala sobre Amor são frases prontas. De Amor nada se sabe dizer, nada se sabe definir... Amor só se pode sentir.

Desacreditar dele, no entanto, é desacreditar de si mesmo... Embora haja pessoas que desconhecem esse sentir, é preciso buscá-lo, é preciso vivê-lo. Em sua plenitude... Que não se encerra em uma noite de prazer, em um período de encontros e desencontros, em um momento fugaz...

O Amor se espalha pelo corpo, pela mente, pela alma. Ele está em seu dizer, em seu pensar, em seu viver. Ele se torna parte de você. E, por ser parte de você, não se separa. E, por não se separar, deve ser respeitado. Enxergar você no outro significa cuidar para que eles também estejam bem. Ele, o outro e ele, o Amor. Ah, Amor não vem sozinho. Junto dele, outros sentimentos: Amizade, respeito, consideração, carinho... E, aí, uma necessária percepção: individualidade... Os que se amam somente podem se tornar um quando lutam pelo mesmo objetivo. De resto, são distintos...

Respeite a pessoa que está com você e, principalmente, respeite a si mesmo.  Isso é AMOR e, parafraseando Vinícius, que ele seja infinito enquanto dure.

Que você tenha um Amor. Individual, único, bonito de se ver, gostoso de se sentir.