terceira-idadeComo negar o processo de envelhecimento quando o corpo começa a impor limites e seu funcionamento já não é mais o mesmo do passado? O envelhecimento tem fatores intrínsecos relacionados à condição genética e metabólica, além de fatores extrínsecos que dependem de condições ambientais e comportamentais. É de caráter progressivo, declinante e irreversível, ou seja, impõe perdas, limitações e torna suscetível a uma série de doenças.

terceira-idadeComo negar o processo de envelhecimento quando o corpo começa a impor limites e seu funcionamento já não é mais o mesmo do passado? O envelhecimento tem fatores intrínsecos relacionados à condição genética e metabólica, além de fatores extrínsecos que dependem de condições ambientais e comportamentais. É de caráter progressivo, declinante e irreversível, ou seja, impõe perdas, limitações e torna suscetível a uma série de doenças.

Conforme VERAS (1996), o envelhecimento da população é uma aspiração natural de qualquer sociedade. É importante almejar uma melhoria na qualidade de vida para aqueles que já envelheceram ou estão neste processo.

Ações que promovam saúde são consideradas prioridades, dentre elas a mobilização da sociedade para o respeito e a atenção com seus velhos, bem como a prevenção de doenças comuns nesta idade.

A conscientização também do idoso em relação a hábitos que favoreçam uma velhice com maior qualidade incluindo alimentação saudável, adoção de um programa de atividades físicas, a não aderência a hábitos nocivos de vida e a manutenção de atividades em grupos familiares e sociais necessita ser inc A conjugação desses fatores significa uma mudança da visão “velhice é doença” e passa a ser encarada apenas como mais uma etapa a ser vivenciada, agora, com certeza, com maior prazer.

Assim, entendendo que a velhice é mais uma etapa da vida que deve ser experenciada em sua totalidade e não o último e degradante degrau da vivência humana.

O envelhecimento fisiologicamente é caracterizado por um declínio gradual no funcionamento de todos os sistemas do corpo: cardiovascular, respiratório, geniturinário, imunológico, endócrino, nervoso entre outros. Embora biologicamente seja um processo normal, este processo determina uma série de mudanças.

Para PASCHOAL (1996), prolongar a vida com saúde, significa fundamentalmente preservar ao máximo a capacidade funcional, evitando os fatores que gerem perda da autonomia e independência.

A medida que se envelhece, surgem as doenças crônicas e o maior objetivo da prática clínica deve ser a manutenção da qualidade de vida do indivíduo, visto que o conjunto de afecções crônicas, prevalentes no envelhecimento, pode levar à deterioração da habilidade de manter-se independente.

Será que o aumento da expectativa de vida que vem ocorrendo no mundo todo, vai significar melhor qualidade de vida? Se os indivíduos envelhecerem mantendo-se autônomos e independentes, as dificuldades serão mínimas para eles, sua família e a sociedade, se ao contrário, essa sobrevida aumentada se acompanhar de doenças prolongadas, reduzindo drasticamente a capacidade funcional, os problemas gerados serão enormes. Portanto, na velhice, uma vida mais saudável está intimamente ligada à manutenção ou à restauração da autonomia e independência, que constituem bons indicadores de saúde principalmente para a população de mais idade.

Para SILVA (1996),  a  adoção de um programa de atividade física regular é uma das medidas isoladas mais eficazes que o indivíduo pode tomar em relação a sua qualidade de vida e saúde. O ser humano não evoluiu como animal sedentário. Muito pelo contrário, a atividade física foi essencial para a sobrevivência da espécie.

De acordo com LOPES & SIEDLER (1997), a prática de atividades física com periodicidade visa favorecer um melhor desempenho corporal, pois objetiva uma estimulação de grandes sinergias.

Leite apud LOPES & SIEDLER (1997),  reforça este aspecto afirmando que a atividade física também proporciona o desenvolvimento do indivíduo como um todo, levando-o a encontrar o equilíbrio e o ajustamento psicossomático.

MATSUDO (1999), afirma que os altos índices de  mortes provenientes de todas as causas são notadas em grupo de pessoas sedentárias, que também tendem a demonstrar maior prevalência de certos tipos de câncer, como os de cólon e de mama. Inversamente a atividade física pode reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas e poderia ser um fator chave para aumentar a longevidade.

Para este mesmo autor, os  principais efeitos da atividade física descritos na literatura são:

 

1.     Antropométricos e neuromusculares

§  Diminuição da gordura corporal;

§  Incremento da massa muscular;

§  Incremento da força muscular;

§  Incremento da densidade óssea;

§  Fortalecimento do tecido conetivo;

§  Incremento da flexibilidade.

 

2.     Metabólicos

§  Aumento do volume sistólico;

§  Diminuição da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo;

§  Aumento da potência aeróbica;

§  Aumento da ventilação pulmonar;

§  Diminuição da pressão arterial;

§  Melhora do perfil lipídico;

§  Melhora a sensibilidade a insulina.

3.     Psicológicos

§  Melhora do auto-conceito;

§  Melhora da auto-estima;

§  Melhora da imagem corporal;

§  Diminuição do stress e da ansiedade;

§  Melhora da tensão muscular e da insônia;

§  Diminuição do consumo de medicamentos;

§  Melhora das funções cognitivas e da socialização.

 

MATSUDO (1999), afirma que além dos benefícios já citados pela atividade aeróbica, existem também importantes benefícios do treinamento de força muscular no adulto da terceira idade:

 

§  Melhora da velocidade de andar;

§  Melhora do equilíbrio;

§  Aumento do nível de atividade física expontânea;

§  Melhora da auto-eficácia;

§  Contribuição na manutenção e/ou aumento da densidade óssea;

§  Ajuda no controle de diabetes, artrite, doenças cardíacas;

§  Melhora da ingestão alimentar;

§  Diminuição da depressão;

§  Na prevenção de quedas porque fortalece os músculos das pernas e costas;

§  Melhora os reflexos;

§  Melhora a sinergia motora das reações posturais;

§  Melhora a velocidade de andar;

§  Aumenta a flexibilidade;

§  Mantém o peso corporal;

§  Melhora a obesidade;

§  Diminui o risco de doença cardiovascular.

 

 

O crescimento impressionante e rápido na proporção de idosos presentes em todos os países de todos os continentes é um triunfo. O desenvolvimento sócio-econômico cultural e a tecnologia conseguiram aumentar a sobrevida da espécie humana.

Este fato, porém, propõe alguns questionamentos importantes. Com o avançar da idade ocorrem modificações estruturais e funcionais que embora variem de um indivíduo para outro, são encontradas em todos os idosos e são próprias do envelhecimento normal.

O desgaste físico natural prejudica a independência e autonomia na realização das atividades. Neste período são freqüentes os problemas psicoemocionais como solidão, depressão, perdas, problemas familiares, sentimentos de inutilidade e outros, e ainda fatores sociais como a desvalorização, marginalização.

A sociedade como um todo precisa estar preparada para receber um número cada vez maior de cidadãos entrando na terceira idade. Esse preparo não pode  se ater apenas para a aposentadoria e a velhice. É necessário um investimento preventivo, para que a população idosa usufrua deste período da vida, com um mínimo de qualidade. Esse investimento inclui desde estratégias como emprego, previdência social, planejamento econômico, passando pelo saneamento básico, saúde ambiental, programas públicos de proteção à saúde chegando ao nível individual de diagnóstico, tratamento, prevenção, reabilitação e educação em saúde, incluindo aí mudanças de hábitos e comportamentos.

Com a chegada da idade é necessário reorganizar-se, continuando os projetos de vida com criatividade, energia, iniciativa, com projetos que dêem ritmo e significado a vida para não cair no vazio. Algumas ações como: alimentação saudável, não aderência a hábitos nocivos de vida, boa convivência social e o desenvolvimento de atividades físicas, mentais e intelectuais são indicadores importantes de saúde. Todas  essas mudanças para se efetivarem precisam do apoio e persistência da família, dos profissionais da saúde e da sociedade em geral.

A adoção de um programa de exercício físicos que atenda as necessidades físicas, sociais e psíquicas das pessoas da terceira idade é capaz de trazer enormes benefícios à saúde, bem como proporcionar qualidade de vida.

A atividade física para as pessoas em geral e para os idosos em particular, favorece o desempenho corporal, o equilíbrio, a capacidade funcional, o ajustamento psicossomático, compensando deficiências, proporcionando prazer e propiciando o ajustamento social.

Entretanto, é preciso salientar a importância do envolvimento do profissional de saúde, no tratamento dos idosos. Existe ainda um preconceito profissional contra os idosos, no sentido de que são um mau investimento resistentes à mudanças de comportamento, dementes e como casos desinteressantes para tratamento já que caminham de modo irreversível para o fim. Via de regra este preconceito advém da necessidade do profissional de evitar a realidade pessoal do envelhecimento e da morte. É preciso que pense na sua própria velhice, e morte, para que tenha uma perspectiva do período de vida e possa avaliar e compreender o que significa ser velho.

Esta mudança no perfil do profissional de saúde é o grande desafio dos órgãos formadores.

Diante das considerações acima pode-se afirmar, que acrescentar vida aos anos depende unicamente de como são organizadas e dirigidas as várias etapas da vida. Significa não cometer excessos, porém, permitir-se experimentar com sabedoria cada sensação imposta pela vida e delas tirar proveito. Sentir-se livre para amar mais e competir menos.

“A melhor maneira de se observar as coisas com sucesso, é vê-las seguindo seu curso desde a origem.” (Aristóteles)