Superintendente do SAEE fala sobre a situação da água em Caeté

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“Mais um dia sem água pra variar”, “ouvi o Panoca passar na rua: ou morreu alguém ou vai faltar água”, “cano estourado na minha rua”, “água cor de ferrugem”. Essas afirmações foram encontradas nas redes sociais de moradores de diferentes bairros de Caeté. Em meio a um período de estiagem perturbador e inúmeras reclamações sobre falta de água e outros assuntos,  ouvimos o Superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAEE), Renê Renault. Acompanhe!
 
 Caeté tem registro de chuvas abaixo da média desde 2014. Há uma explicação para esse fato?
 
Renê – O SAEE realizou um estudo e concluiu que desde 2012 as chuvas estão abaixo da média. Fatores como o índice pluviométrico, a má distribuição das chuvas (um alto índice de chuva em lugares concentrados por pouco tempo), o uso e ocupação do solo que por causa dos pastos e degradação do meio ambiente, a mineração e outras atividades humanas contribuíram para esta situação. Temos menos água nas nascentes, nos ribeirões e nos rios e consequentemente, menos água disponível para consumo e também menos água subterrânea, devido o uso indiscriminado. Aquela concepção que tínhamos de que água era barata e de fácil acesso, acabou. Não é só trazer a água para população, mas sim trazê-la de modo com que possa ser tratada com qualidade, e de forma que as pessoas possam pagar por ela.
 
 Quais ações o SAEE tem realizado para que não falte água como em anos anteriores?
 
Renê – Uma dessas ações é identificar áreas em que possamos identificar poços artesianos. Também estamos realizando estudos para implantar um lago de reserva na região do Ribeiro Bonito. Já entregamos também o estudo para a criação de um Parque na região da Serra da Piedade, local onde estão concentradas nossas nascentes. Também entramos na justiça contra os produtores que captam água sem outorga. Estamos fechando um convênio com a MSOL para a utilização da água da região da Mina do Catita, vamos colocar mais um sistema de moto-bombas na região na elevatória do Carrapato, elevando em 50% o volume de água que chega a ETA do bairro São Geraldo, entre outras ações. Estamos tratando o município como todo.
 
Existem muitas reclamações sobre canos furados, cor da água que chega a algumas residências, entre outras. Como o SAEE tem resolvido estes problemas?
 
Renê – Temos levantamentos estatísticos de reclamações tanto de água como de esgoto. Segundo os números, reclamações sobre cor de água praticamente não existem mais, pois ajustamos os procedimentos operacionais da ETA Vila das Flores. Nossa água atingiu um nível de turbidez muito bom, e estamos investindo na duplicação dos decantadores, para termos de fato uma água de excepcional qualidade. Mas hoje entregamos uma água infinitamente melhor do que a que ofertávamos. Em relação a canos estourados, o SAEE trabalha durante 365 dias no ano. Aconteceu um problema, a população tem de nos avisar. Temos cerca de 1000 solicitações de manutenção entre água e esgoto, a maior parte de vazamentos. Temos 600 km de rede correndo água ou esgoto, com 60 ou 70 anos de idade. Estamos construindo o mapa das áreas mais críticas para podermos atender as prioridades. Só vamos conseguir reduzir o número de reclamações quando conseguimos fazer investimentos na mudança das redes. É importante que as pessoas procurem o SAEE para fazer as reclamações.
 
 Bairros como Charneaux ficaram sem água durante vários dias da semana passada. O que aconteceu?
 
Renê – Estamos vivendo uma crise hídrica seríssima. Para mantermos o abastecimento sem a necessidade de rodízio estamos trabalhando 24 horas por dia com nossos pontos de capitação. Nesta semana tivemos dificuldade com a capitação do Ribeiro Bonito e o município inteiro sentiu o impacto disso. No Charneaux o problema perdurou por mais tempo. Fizemos a manutenção da bomba e mesmo assim o problema perdurou. Havia um vazamento que não era visto, e por causa da experiência dos funcionários da manutenção ele foi solucionado.
 
 Há risco de racionamento de água neste ano?
 
Renê – Como eu já venho apresentando em várias reuniões, o risco existe. Á água existe, mas ela não pode ser usada indiscriminadamente como tem acontecido em alguns locais. Por isso pedimos uma liminar para a justiça para que os produtores rurais diminuam a captação de água no Ribeiro Bonito. O monitoramento desses locais começou nesta semana, com o apoio da Polícia Militar, para que esta água esteja verdadeiramente disponível para a população.