O presidente Michel Temer (PMDB) chega nesta terça-feira ao banco dos réus do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em pleno inferno astral. Desde 17 de maio – quando foram divulgadas gravações de conversas entre o peemedebista e o empresário Joesley Batista, dono da JBS – ele vem se desdobrando para apagar pequenos e grandes incêndios em seu governo. Os entraves incluem a perda de apoio no Congresso Nacional, a saída de ministros, uma coleção de pedidos de impeachment e a repercussão negativa da convocação das Forças Armadas para num dia em que manifestações levaram a incêndios, desta vez literalmente, de ministérios em Brasília.

O ápice do pesadelo até agora talvez seja a autorização concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin para que a Polícia Federal tome o depoimento de Michel Temer no inquérito que apura o conteúdo das delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A defesa do presidente havia recorrido ao STF contra a tentativa da PF de ouvi-lo, sob o argumento de esperar a perícia que atestará a veracidade dos diálogos – o que não deixa de ser uma estratégia para ganhar tempo. No entanto, os advogados não conseguiram convencer o ministro. Assim que receber os questionamentos, Temer terá 10 dias para respondê-los, por escrito.


Antes do revés no STF, Temer já vinha sendo derrotado em outras batalhas. No dia seguinte à divulgação das gravações, perdeu o apoio no Congresso de 13 parlamentares do Podemos (novo nome do PTN). O partido foi o primeiro a romper com o governo. Atitude seguida pelo PSB, que ainda decidiu apoiar a proposta de emenda à Constituição (PEC) em tramitação na Câmara, que prevê a realização de eleições diretas em caso de vacância dos cargos de presidente e vice até os últimos seis meses de mandato.

O PSB, no entanto, manteve o cargo de ministro de Minas e Energia, com Fernando Coelho. “A saída do ministério, como orienta meu partido, não contribui para a construção de uma solução para a crise que enfrentamos”, afirmou o ministro, em nota. O PPS adotou postura semelhante. Embora tenha defendido a renúncia de Temer e a convocação de eleições diretas para seu sucessor, manteve Raul Jungmann na Defesa, pela “relevância” de sua atuação. O presidente nacional da legenda, Roberto Freire, no entanto, entregou o Ministério da Cultura.